O que um médico precisa ser?

Antes de responder a essa pergunta, é preciso analisar brevemente a profissão médica. Começando simplificadamente, a medicina é uma área do conhecimento que exige ambos: habilidade técnica-científica e habilidade humana. Todos os pacientes que procuram atendimento médico esperam basicamente duas coisas, relacionadas a cada uma dessas áreas:

1. Alívio da dor ou tratamento da doença;

2. Aconselhamento a respeito da sua saúde.

O serviço médico não é apenas resolver os problemas, prescrevendo um tratamento ou fazendo um procedimento. Espera-se mais do médico nesse sentido e, não cumprindo com essas expectativas, seu trabalho estará abaixo delas, sempre. Dessa forma, é importante que saibamos qual é o nosso papel.

Academia Médica abordou as pessoas com uma única e simples pergunta, e eis abaixo o que as pessoas responderam.

O que um médico precisa ser?

O que os médicos responderam:

“Ser o que se é, ter consciência dos seus limites, disposição a transpô-los, não ser onipotente a ponto de não saber estudar. Tem que resolver o que sabe, saber a hora de encaminhar. Enfim, humildade. Tenho muito medo de médicos que acham que sabem tudo, preferiria me consultar com um médico que sabe seu limite, desconfia sempre que não investigou alguma coisa, me dá mais segurança como paciente.” – Lisia Weber Galo, médica. 

“Primeiro, deve saber apreciar a vida em sua beleza, considerando como obra mais maravilhosa essa parte do universo que somos nós. Olhar para cada pessoa como algo mágico, mas que pela sua finitude tem no médico a sua grande esperança. Segundo, gostar de poder ajudar e ser ajudado. Terceiro, ter paciência, determinação e garra para lutar pela vida e bem-estar dos seus pacientes como se fosse a sua própria vida.” – Júlio Wilson Fernandes, cirurgião plástico.

O que os estudantes de medicina responderam:

“Atencioso, que tenha um racionínio rápido, conhecimento para agir, habilidade, tem que ser atualizado e aberto a novas ideias.” – Anderson Matsubara, acadêmico de medicina – FEPAR;

“Uma característica que gosto que médicos tenham e que acho importante é o contato com o paciente. Aquele que vai além da anamnese. Eu não teria me dedicado tanto para passar em um vestibular se eu não tivesse tido esses contatos com alguns médicos da minha cidade. Outra característica é a confiança. O médico, ao meu ver, tem de explicar para o paciente aquilo que ele está passando com uma linguagem simples, sem deixá-lo com dúvidas. Na hora de falar, ele tem que passar a confiança de que ele está naquele cargo porque ele estudou e se preparou muito para estar ali. Não havendo essa entrega do paciente, acredito que a fase do tratamento não se torna ideal. E prestatividade a ouvir, a ajudar. Quem é o “patrão” é o paciente: se restou uma dúvida ao paciente, o serviço foi incompleto.” – Canuto Júnior, acadêmico de medicina da Unifesp e criador da página Medicina Depressão, no Facebook. 

“A meu ver, um médico precisa, acima de tudo, gostar de conviver com pessoas, saber lidar com o seu sofrimento e ter a sensibilidade e a empatia para entender o que seu paciente passa no momento. E nesse contexto entram qualidades como humanidade, solidariedade, honestidade e também firmeza de caráter. Um médico admirado por todos é aquele que além do conhecimento tem também aquilo que não se aprende na faculdade: o amor à vida e o prazer de ajudar àquele que o procura.” – Carolina Martins Faria, acadêmica de medicina – FEPAR.

O que os pacientes responderam:

“Humano. Médico humano é aquele que não é arrogante, trabalha com profissionalismo sem deixar de ter bom humor quando pode, e ser sério quando necessário. Humano quando você se sente tão humana quanto ele dentro do consultório.” – Andressa Saldanha, acadêmica de Letras – UEPG.

“Tem que me passar credibilidade e confiança. Honestidade, tanto no momento de uma consulta como no repasse do diagnóstico e prognóstico. Ser sincero é fundamental. No meu ponto de vista, a sinceridade com o paciente desde o primeiro momento até a indicação do tratamento é o que torna o médico ideal.” – Aniella Banat, médica veterinária. 

“O mais importante é ser atencioso, na minha opinião. Sabe, dedicar um tempo para me atender, fazer uma consulta de verdade. Acho que atencioso, dedicado e, acima de tudo, preocupado – mesmo que com o menor problema do paciente. E o médico tem que ser paciente, pra saber lidar com as angústias de quem procura um médico pra sanar algum problema. Porque é natural, acredito, o paciente chegar cheio de dúvidas. Se o médico não tiver paciência pra explicar até o mais básico, está na profissão errada.” – Gabriel Mayer Wagner, jornalista.

Muitos de nós passamos grande parte do tempo nos especializando e nos aprofundando na ciência, querendo atualizar nossos conhecimentos, fechar um diagnóstico ou procurar um melhor tratamento para alguma patologia. Investimos tempo e dinheiro em congressos, simpósios e periódicos. Porém, o que se vê que os pacientes querem – e o que os mais experientes aconselham – é que exercitemos a segunda habilidade, não a científica, mas a humana, que existe em cada um nós. 

Você tem sido o médico que esperam de você? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe com os amigos.

Artigo escrito por: Emerson Wolaniuk – Disponível em: Academia Médica.

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