Você recebeu uma ameaça de processo de um paciente? Calma. Antes de reagir, leia isso com atenção.
Essa pergunta costuma aparecer quando o médico está em choque, nervoso e sem saber por onde começar. Às vezes, é uma frase dita no consultório. Outras vezes, chega por mensagem, ligação ou até em redes sociais.
O que fazer? Como se proteger? Isso pode virar um processo de verdade?
Neste artigo, você vai entender:
- O que significa uma ameaça de processo
- Quais são os riscos reais
- O que você deve e não deve fazer
- E como atuar com estratégia jurídica desde o primeiro sinal de problema
Ameaça não é processo (mas pode se tornar)
Uma ameaça verbal ou escrita, por si só, não significa que um processo já foi aberto. No entanto, muitas vezes ela é o prenúncio de algo maior. Pode indicar que o paciente está insatisfeito, desinformado ou prestes a buscar algum tipo de responsabilização, seja no Conselho de Medicina ou no Judiciário.
O ponto-chave aqui é: toda ameaça deve ser tratada com seriedade. Ignorar, desdenhar ou tentar resolver informalmente pode se voltar contra você depois, dificultando sua defesa.
Mantenha a calma. Mas não ignore.
Parece clichê, mas manter a calma é fundamental. A reação emocional pode ser um dos maiores inimigos do médico nesse momento. Você pode sentir raiva, medo ou a vontade de se justificar imediatamente para o paciente.
Porém, qualquer resposta precipitada pode ser usada contra você. Evite contatos diretos, discussões ou explicações por mensagens. O melhor a fazer é manter o controle e buscar orientação.
Ao mesmo tempo, não caia no erro comum de “esperar pra ver se vai dar em algo”. Negligência é diferente de estratégia.
Documente tudo imediatamente
Esse é o passo mais urgente e prático. Registre o ocorrido:
- Descreva detalhadamente o atendimento
- Relate o que o paciente disse ou fez
- Salve prints de mensagens, áudios ou e-mails
- Atualize o prontuário com linguagem técnica, objetiva e fiel aos fatos
A ausência de documentação é uma das maiores fragilidades na defesa médica. O que não está escrito, não existe juridicamente.
Procure apoio jurídico especializado
Se você ainda não tem acompanhamento jurídico preventivo, este é o momento ideal para começar.
Um advogado especializado em Direito Médico vai:
- Avaliar se a ameaça tem potencial de se tornar um processo
- Orientar você sobre o que fazer e o que não fazer
- Preservar as provas e evitar autoincriminações
- Iniciar uma estratégia de contenção antes do problema crescer
- Busca ativa de processos éticos e judiciais
O quanto antes você agir, maior a chance de evitar uma notificação oficial.
O que pode acontecer depois?
Nem toda ameaça vira processo, mas toda ameaça mal administrada pode se transformar em um problema real. As possibilidades incluem:
- Abertura de sindicância no CRM: fase investigatória preliminar que avalia se houve conduta contrária ao Código de Ética Médica. Se houver indícios, pode resultar na abertura de um processo ético.
- Processo ético no CRM: fase formal instaurada após a sindicância, quando há indícios de infração ao Código de Ética Médica. O médico é julgado pelo Conselho Regional de Medicina e pode receber penalidades que vão desde advertência até censura, suspensão ou cassação do registro profissional.
- Ação judicial cível: processo de responsabilidade civil por falha na prestação de serviço de saúde (erro médico), bem como pedidos de indenização por dano material, moral e estético.
- Denúncia pública: exposição nas redes, sites de reclamação ou imprensa (nesses casos cabe processo contra o paciente )
- Entre outras..
Cada um desses cenários exige preparo técnico, emocional e jurídico. E tudo pode começar com uma frase dita no corredor.
O que não fazer de jeito nenhum
🚫 Os maiores erros cometidos por médicos nesse contexto são:
- Apagar ou alterar prontuário depois da ameaça.
- Tentar “conversar” com o paciente para convencê-lo.
- Reagir com ironia, desdém ou ameaças.
- Tornar o caso público em redes sociais.
- Ficar em silêncio absoluto, esperando “ver no que vai dar”.
Existe uma diferença entre ser passivo e ser estrategicamente silencioso sob orientação jurídica.
Conclusão
A medicina está mais exposta do que nunca. E o que antes era impensável, hoje se tornou rotina: médicos ameaçados, processados e expostos sem sequer terem errado.
Se você recebeu uma ameaça, não ignore. Mas também não se desespere.
Existe um caminho seguro, preventivo e respeitoso com sua carreira. Ele começa com informação de qualidade e apoio jurídico especializado.
Proteja sua prática antes que seja tarde
Não espere o processo chegar para agir.
Acione o SINAL – Sistema Inicial de Alerta Legal e receba uma análise jurídica preventiva da sua prática médica.
Você cuida da estética. Eu cuido da sua segurança jurídica.
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