As recentes eleições para conselheiros do Conselho Federal de Medicina (CFM) trouxeram à tona não apenas uma disputa entre candidatos, mas também revelaram uma preocupante ideologização da mídia nesses eventos. Nesse cenário, o jornal O Globo tem se destacado pela maneira enviesada como aborda o tema, adotando uma postura que, do título ao corpo do texto, tenta demonizar os médicos de direita e o bolsonarismo. Essa tendência não apenas distorce o debate público, mas também levanta questões sobre a imparcialidade e a responsabilidade da imprensa em relação à cobertura de assuntos tão sensíveis como a medicina.
Desde o início, a escolha das palavras em O Globo já sugere uma tentativa de moldar a percepção do leitor de forma negativa em relação aos candidatos alinhados à direita política. O título “Doutores de Direita” carrega uma conotação pejorativa, sugerindo uma crítica implícita ao grupo político. Essa abordagem se estende ao longo do texto, onde os candidatos apoiados por bolsonaristas — Raphael Câmara, Rosylane Rocha, Jeancarlo Cavalcante e Francisco Cardoso Alves — são descritos em termos que ressaltam controvérsias e polêmicas, como a disseminação de fake news e a participação em atos antidemocráticos. Enquanto isso, os candidatos progressistas são mencionados de forma mais neutra ou até positiva, sem uma análise crítica equivalente.
Esse tipo de cobertura não apenas deslegitima os médicos que optam por se alinhar com a direita política, mas também alimenta uma narrativa que vê o bolsonarismo como uma ameaça à ética e à ciência, sem proporcionar o devido espaço para uma defesa ou explicação dessas práticas por parte dos próprios candidatos ou seus apoiadores. É simplesmente a tentativa de impor ao público a demonização do médico que se alinha politicamente à direita, o que demonstra uma falta de ética do maior grupo de comunicação do país. Por ser contra uma ideologia política, o jornal demoniza e mancha a reputação de médicos, sem oferecer uma discussão justa e equilibrada. A ênfase em eventos negativos associados a esses grupos, muitas vezes sem a devida contextualização ou reconhecimento das complexidades envolvidas, pode ser vista como uma tentativa de demonizar um espectro ideológico específico.
Como especialista em direito médico, vejo com preocupação essa abordagem. A mídia, especialmente veículos de grande alcance como O Globo, tem um papel crucial na formação da opinião pública. Quando esse papel é desempenhado de maneira parcial e vil, com o interesse de deslegitimar os candidatos e suas condutas profissionais, o resultado pode ser uma sociedade ainda mais polarizada, onde decisões e julgamentos são feitos com base em narrativas incompletas ou distorcidas.
Além disso, a politização de temas tão importantes como as eleições do CFM pode ter consequências graves para a prática médica no Brasil. Abalar a confiança no CFM, uma autarquia responsável por regular a profissão médica e sua qualidade, só gera caos. É essencial para o bom funcionamento do sistema de saúde que a confiança no CFM seja mantida. Quando a mídia insiste em associar essa instituição a uma batalha ideológica, corre-se o risco de minar a credibilidade não apenas dos candidatos, mas da própria entidade, prejudicando sua capacidade de atuar de maneira eficaz e imparcial. O texto de O Globo não contribui com a medicina nem com a ciência; apenas alimenta o monstro da polarização.
Por isso, é fundamental que a cobertura midiática dessas eleições e de temas correlatos seja feita de maneira equilibrada e justa, sem preconceitos ou tendências partidárias. O debate público deve ser enriquecido com informações precisas e uma análise crítica que leve em conta todas as perspectivas, permitindo que os cidadãos formem suas opiniões de maneira bem-informada. A imprensa tem o dever de servir como guardiã da democracia, o que implica em uma responsabilidade de tratar todos os lados com o devido respeito e equidade. Nesse aspecto, O Globo se mostrou falho, adotando uma postura polarizada e criando um monstro que se finge de médico.
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A Politização da Medicina: Desconstruindo Generalizações e Defendendo a Integridade Profissional
Parabéns pelo artigo. O mais lúcido que li. Sou Raphael Câmara o conselheiro federal eleito pelo Rio e que foi defenestrado por toda a eleição pela Globo. Muito obrigado
Continue , firme nas suas posições, nos médicos, apoiamos totalmente , você nos representa. Essa mídia mentirosa vai cair
Ronal, com certeza, suas palavras refletem o sentimento de muitos profissionais de saúde que buscam representar a medicina com ética e responsabilidade. É fundamental que continuemos firmes em nossas posições, defendendo os princípios que guiam a prática médica. O apoio de todos vocês é essencial para que possamos enfrentar os desafios impostos por uma mídia que, infelizmente, muitas vezes distorce a realidade.
Acredito que, com a união dos médicos por todo o Brasil e o compromisso com a verdade, conseguiremos fortalecer nossas posições e assegurar que a saúde pública seja tratada com o respeito que merece. A queda de uma mídia mentirosa depende do nosso esforço coletivo em promover uma informação intelectualmente honesta e justa. Estamos juntos nessa jornada.
Dr. Raphael, muito obrigada pelo seu comentário e por compartilhar sua experiência. Fico satisfeita em saber que o artigo ressoou com o senhor e evidenciou a necessidade de uma discussão intelectualmente honesta e justa sobre as eleições do Conselho Federal de Medicina. Acredito que é crucial, especialmente em momentos como este, garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que a verdade prevaleça. O Globo tem sido intelectualmente desonesto, transformando alguns médicos em monstros para a sociedade devido ao seu posicionamento político, independentemente das pressões externas. Parabéns pela sua eleição, e que o seu trabalho no CFM continue a contribuir positivamente para a medicina no Brasil. Abraços!
Lamentável a postura da mídia. Mas o que esperar desses chamados profissionais da comunicação?
Como médica há 35 anos, passei por várias administrações do CFM, e o que vimos foi que os representantes que se alinhavam à esquerda não se interessavam pela medicina e nem pelos médicos, mas sim por usar a instituição para fins políticos. E no final quem se prejudicava era o cidadão. O CFM é uma autarquia cujos representantes são eleitos pelos profissionais inscritos, e como tal tem total autonomia, independente do que pensam a mídia, políticos e ministros.
Dra. Alexandra, agradeço por compartilhar sua vasta experiência como médica ao longo desses 35 anos. Concordo plenamente que é lamentável a postura de alguns setores da mídia, como no caso do artigo do O Globo, ao tratar de questões tão sérias como as eleições do CFM. Infelizmente, muitas vezes vemos a instituição ser utilizada para fins políticos, como é o caso da legalização da cannabis com fins medicinais e recreativos, sem observar os riscos à saúde; assistolia fetal, que é tratada apenas sob a ótica da liberdade reprodutiva da mulher como um direito absoluto, acima da vida e da ética; ou o programa Mais Médicos, que importou cubanos com baixos salários e pagamentos vultuosos ao governo de Fidel Castro. Tudo isso, como você bem apontou, acaba prejudicando não só os profissionais da medicina, mas principalmente o cidadão que mais precisa de uma atenção de qualidade à saúde, com responsabilidade e ética.
Muito obrigada por sua dedicação à medicina e por trazer essa visão tão importante para o debate.”
Segundo a Globo, médico bom e digno é necessariamente de esquerda, progressista, lulista e petista. Vão acabar exigindo um CFM e uma medicina só para eles.
Infelizmente alguns canais de comunicação, como o que você citou, têm adotado uma conduta parcial e totalmente enviesada.